Por isso mesmo, me chamou atenção hoje ao descer para o escritório, um trote no meio da rua, tão tradicional há vários anos, mas aqui para os nossos lados já está fora de moda. Os veteranos observavam de longe enquanto os calouros tinham a árdua missão de arrecadar 300 reais. Fiquei sabendo da quantia por que parei para perguntar. Um dos que lá estava me abordou da seguinte maneira: “Uma ajudinha aí, por favor, precisamos conseguir a grana pros caras lá”. E se você não conseguir? Questionei. “Eles vão tirar nossa roupa, raspar nossa cabeça, fazer o escambal”. De fato, mais acima havia um calouro amarrado a uma estrutura de semáforo, todo pintado, cabeça raspada e só de cueca. Aí perguntei outra vez: E aqueles amarrados? “Véi, desistiram antes da hora”. Deixei meu assustado entrevistado, depois de contribuir com dois reais, e prossegui, Mais adiante ainda vi uma garota com cabelo somente em um dos lados da cabeça, apesar de estar de roupas, a tinta cobria quase todo o corpo.
Não questiono a brincadeira do trote, que é cultural. Mas existe algo a se comemorar? Há motivo para tanto? Não, não há. Mesmo a concorrência continuando acirrada nas Universidades Federais, “pipocam” faculdades pelas esquinas. Hoje em dia faltam candidatos para tantas vagas disponíveis. O vestibular que acontecia uma vez ao ano, passou a semestral e agora é trimestral em muitos lugares. A qualidade dos cursos é ínfima, estão totalmente nivelados por baixo. Como se não bastasse, todas essas faculdades ainda enfrentam a concorrência do sistema de Ensino à Distância, o chamado EAD. Não estou questionando especificamente o método EAD, que já tem recebido críticas o bastante, inclusive acredito que é uma tendência. Minha análise é generalizada. Alunos saem das faculdades com o diploma, cometendo erros de escrita e de fala dignos de serem re-matriculados na antiga sexta série. Não é exagero. Essas frases de vestibulares que circulam pela internet, são muito mais comuns do que se imagina. Por isso quando recebo frases do tipo: “As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir”, ou, “Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola”, sinceramente não me surpreendo. Mais duas para finalizar: “A capital de Portugal é Luiz Boa”, “A terra é um dos planetas mais conhecidos do mundo”. Onde é que eu estou mesmo?