sábado, 19 de maio de 2012

Eleições: As motivações do eleitor e do candidato


Da mesma forma que o eleitor precisa de uma motivação para votar em um candidato ou em outro nas eleições, o candidato precisa de uma motivação para propor o seu nome em um pleito. Uma das primeiras perguntas a ser respondida pelo candidato é: por que eu quero ser candidato? Fazemos essa pergunta aos participantes dos nossos Cursos de Marketing Político e Eleitoral e as respostas nem sempre estão condizentes com o que seria ideal.

Antes de tudo o candidato deve ter espírito servidor, deve gostar de pessoas, ter prazer em ajudar. Precisa ter em mente que a partir do momento em que decide concorrer ele é uma pessoa pública e deve agir como tal. Irá perder a privacidade, pois deve estar sempre disponível. Precisa ser educado e paciente. O eleitor não consegue separar as coisas, os locais, os horários e são indiscretos e inconvenientes em muitos momentos. Se o candidato não tiver discernimento para entender isso, pode esquecer.

Foi-se o tempo em que o eleitor votava por ideologia, com o sentimento de que poderia mudar o mundo através do seu voto, ou que uma sigla partidária ou candidato poderia fazê-lo em seu nome. Ele já sabe que milagres não acontecem e que administrar é muito mais complexo do que já tentaram fazer acreditar em tempos de outrora. “Aquele garoto que queria mudar o mundo agora assiste a tudo de cima do muro”,  escreveu Cazuza na música Ideologia. O eleitor é “aquele garoto” e agora não age mais cegamente, sem contestar e refletir sobre o que é real ou ilusão, possível ou devaneio externalizados através de discursos retóricos.

No artigo Política nas Pequenas Cidades mencionamos a força do Voto Político, e aqui falamos da fraqueza atual do Voto Ideológico, tão difundido e praticado. Sem a intenção de filosofar muito acerca da expressão (Ideologia), criada pelo francês Antoine de Tracy no século dezenove, que usou o termo como o estudo científico das ideias, vamos recorrer a Émile Durkheim para explicarmos teoricamente o comportamento atual do eleitorado. Durkheim afirma que a ideologia é negativa por que nasce de uma noção "pré-científica" e,  por isso mesmo, imprópria para o estudo objetivo da realidade social. Da mesma forma, de acordo com o pensamento Marxista a ideologia é um conceito que denota “falsa consciência”.

De maneira objetiva, os discursos ideológicos não impressionam mais, não se convertem em votos. As propostas e projetos devem ser palpáveis, concretos. Daí a importância de se fazer um Plano de Governo, e acima de tudo de se fazer um Planejamento Estratégico para a campanha eleitoral. O candidato deve saber o que vai fazer e que estratégias vai utilizar para que os seus possíveis eleitores saibam disso. Bons projetos na gaveta ou apenas na mente não têm serventia alguma. Comunicar esses projetos à comunidade e vislumbrar a possibilidade de fazer algo diferente devem ser as motivações do candidato.

Se a força motivadora for financeira é bom que ele repense a candidatura. O mesmo vale para os que se candidatam somente pelo poder, ou por que são conhecidos em uma determinada localidade. Por mais perfil de liderança que tenha, sem projetos reais e uma campanha pautada em questões de interesse coletivo e de viável realização, é impossível convencer o eleitor a votar. A motivação do eleitor está nos benefícios recebidos ou vislumbrados. Sem querer polemizar, o Voto Ideológico não existe mais. Uma pessoa só vota em quem oferecer algo em troca, seja antes ou depois da campanha. O candidato tem que propor algo ao eleitor, a família dele, aos amigos ou a comunidade.

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