Da
mesma forma que o eleitor precisa de uma motivação para votar em um candidato
ou em outro nas eleições, o candidato precisa de uma motivação para propor o
seu nome em um pleito. Uma das primeiras perguntas a ser respondida pelo
candidato é: por que eu quero ser candidato? Fazemos essa pergunta aos
participantes dos nossos Cursos de Marketing Político e Eleitoral e as
respostas nem sempre estão condizentes com o que seria ideal.
Antes
de tudo o candidato deve ter espírito servidor, deve gostar de pessoas, ter
prazer em ajudar. Precisa ter em mente que a partir do momento em que decide
concorrer ele é uma pessoa pública e deve agir como tal. Irá perder a
privacidade, pois deve estar sempre disponível. Precisa ser educado e paciente.
O eleitor não consegue separar as coisas, os locais, os horários e são
indiscretos e inconvenientes em muitos momentos. Se o candidato não tiver
discernimento para entender isso, pode esquecer.
Foi-se
o tempo em que o eleitor votava por ideologia, com o sentimento de que poderia
mudar o mundo através do seu voto, ou que uma sigla partidária ou candidato
poderia fazê-lo em seu nome. Ele já sabe que milagres não acontecem e que administrar
é muito mais complexo do que já tentaram fazer acreditar em tempos de outrora.
“Aquele garoto que queria mudar o mundo agora assiste a tudo de cima do
muro”, escreveu Cazuza na música
Ideologia. O eleitor é “aquele garoto” e agora não age mais cegamente, sem
contestar e refletir sobre o que é real ou ilusão, possível ou devaneio
externalizados através de discursos retóricos.
No
artigo Política nas Pequenas Cidades mencionamos a força do Voto Político, e
aqui falamos da fraqueza atual do Voto Ideológico, tão difundido e praticado. Sem
a intenção de filosofar muito acerca da expressão (Ideologia), criada pelo
francês Antoine de Tracy no século dezenove, que usou o termo como o estudo
científico das ideias, vamos recorrer a Émile
Durkheim para explicarmos teoricamente o comportamento atual do eleitorado.
Durkheim afirma que a ideologia é negativa por que nasce de uma noção
"pré-científica" e, por isso
mesmo, imprópria para o estudo objetivo da realidade social. Da mesma forma, de
acordo com o pensamento Marxista a ideologia é um conceito que denota “falsa
consciência”.
De maneira objetiva, os discursos ideológicos não
impressionam mais, não se convertem em votos. As propostas e projetos devem ser
palpáveis, concretos. Daí a importância de se fazer um Plano de Governo, e
acima de tudo de se fazer um Planejamento Estratégico para a campanha
eleitoral. O candidato deve saber o que vai fazer e que estratégias vai
utilizar para que os seus possíveis eleitores saibam disso. Bons projetos na
gaveta ou apenas na mente não têm serventia alguma. Comunicar esses projetos à
comunidade e vislumbrar a possibilidade de fazer algo diferente devem ser as
motivações do candidato.
Se
a força motivadora for financeira é bom que ele repense a candidatura. O mesmo
vale para os que se candidatam somente pelo poder, ou por que são conhecidos em
uma determinada localidade. Por mais perfil de liderança que tenha, sem
projetos reais e uma campanha pautada em questões de interesse coletivo e de
viável realização, é impossível convencer o eleitor a votar. A motivação do
eleitor está nos benefícios recebidos ou vislumbrados. Sem querer polemizar, o
Voto Ideológico não existe mais. Uma pessoa só vota em quem oferecer algo em
troca, seja antes ou depois da campanha. O candidato tem que propor algo ao
eleitor, a família dele, aos amigos ou a comunidade.
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