Comunicar é divulgar,
anunciar, passar, informar, fazer conhecer e por aí vai. A palavra deriva do
latim communicare, dividir alguma
coisa com alguém. Na prática a comunicação acontece através da expressão verbal
e não verbal, não aprofundaremos, pois não é o caso neste momento. Na política,
acima de tudo em época de eleições, são comuns alguns erros por parte de alguns
candidatos. O excesso de preciosismo na fala, através de uma eloquência vazia,
e certo desdém com o eleitor, principalmente com os de menor poder aquisitivo.
Mesmo com a
vulnerabilidade social e educacional das pessoas a retórica desmedida dos
discursos não é mais tão eficaz como em outros tempos. Resgatando o significado
de retórica: a arte do bem falar através da utilização de elementos
persuasivos. Digo sempre nos nossos
Cursos de Oratória que a retórica pode ser a utilização de todos os meios de
comunicação pessoal através de argumentos, sejam eles quais forem, lícitos ou
ilícitos, para convencer alguém de alguma coisa. O pensador italiano Pietro
Aretino, já dizia lá no século quinze, que a retórica está na língua de quem
ama, de quem engana e de quem tem necessidade.
Dessa premissa
significa então que o candidato não deve usar a retórica na sua fala? Não
exatamente. O importante é que ele tenha em mente que o principal critério para
a comunicação é o conhecimento do seu público, dessa forma a comunicação será
adequada àquela plateia. É importante a certeza de que a mensagem terá sido
transmitida. Acredito que você leitor tenha na lembrança algum discurso,
eloquente, envolvente, emocionante do qual não se aproveitou nada no tocante ao
interesse coletivo. O candidato falou da sua vida pessoal, das dificuldades que
passou, manifestou a revolta com o sistema, com as injustiças sociais sem falar
o que fará ou faria a respeito.
Conta-se que o diálogo a seguir aconteceu
em outubro de 1995 entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades
costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfoundland. Os americanos
começaram educadamente: - Favor alterar
seu curso 15 graus para norte para evitar colisão com nossa embarcação. Os
canadenses responderam prontamente: -
Recomendo mudar o seu curso 15 graus para sul. O capitão americano
irritou-se: - Aqui é o capitão de um
navio da Marinha Americana. Repito, mude o seu curso. Mas o canadense
insistiu: - Não. Mude o seu curso atual. A
situação foi se agravando. O capitão americano foi se exasperando e berrou ao
microfone: - Este é o porta-aviões USS
Lincoln, o segundo maior navio da frota americana no Atlântico. Estamos
acompanhados de três destróieres, três fragatas e numerosos navios de suporte.
Eu exijo que vocês mudem seu curso 15 graus para norte. Repetindo 15 graus
norte, ou então tomaremos contra medidas para garantir a segurança do nosso
navio. E o canadense respondeu: -
Isto aqui é um farol. Câmbio!
A arrogância na
comunicação está constantemente presente também nas apresentações durante os
eventos políticos, principalmente por parte de quem já está no poder. Até
mesmo em simples situações do dia-a-dia a soberba e a empáfia desfilam
“elegantemente”. O tal ditado, “você sabe com quem está falando?” está presente
a todo o momento, mesmo que não seja verbalmente expressado. É um tal de eu fiz
isso, eu fiz aquilo, quando na verdade tudo o que acontece, só acontece graças a
um trabalho de equipe. Em muitas situações o cidadão está assinando um trabalho
que teve início em gestões anteriores a dele, em alguns casos começados até por
adversários políticos. Durante a campanha tem abraços, beijinhos e tchalzinhos
depois da vitória ele fica quase inacessível.
Não podemos nos
esquecer que o voto tem absolutamente o mesmo valor, seja do pobre, do rico, do
negro, do branco, do homem, da mulher, do jovem e do idoso. O sucesso do
candidato dependerá também da adequação da comunicação ao contexto e ao público
ao qual ele se dirige. O eleitor não tem obrigação de buscar nas entrelinhas o
que ele quer dizer. Ele pode ser objetivo na proposição de projetos ou
padronizar sua comunicação, independente do público alvo, sob pena de perder
preciosos votos.
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