sábado, 7 de julho de 2012

Eleições 2012: como deve ser a comunicação do candidato


Comunicar é divulgar, anunciar, passar, informar, fazer conhecer e por aí vai. A palavra deriva do latim communicare, dividir alguma coisa com alguém. Na prática a comunicação acontece através da expressão verbal e não verbal, não aprofundaremos, pois não é o caso neste momento. Na política, acima de tudo em época de eleições, são comuns alguns erros por parte de alguns candidatos. O excesso de preciosismo na fala, através de uma eloquência vazia, e certo desdém com o eleitor, principalmente com os de menor poder aquisitivo.

Mesmo com a vulnerabilidade social e educacional das pessoas a retórica desmedida dos discursos não é mais tão eficaz como em outros tempos. Resgatando o significado de retórica: a arte do bem falar através da utilização de elementos persuasivos.  Digo sempre nos nossos Cursos de Oratória que a retórica pode ser a utilização de todos os meios de comunicação pessoal através de argumentos, sejam eles quais forem, lícitos ou ilícitos, para convencer alguém de alguma coisa. O pensador italiano Pietro Aretino, já dizia lá no século quinze, que a retórica está na língua de quem ama, de quem engana e de quem tem necessidade.

Dessa premissa significa então que o candidato não deve usar a retórica na sua fala? Não exatamente. O importante é que ele tenha em mente que o principal critério para a comunicação é o conhecimento do seu público, dessa forma a comunicação será adequada àquela plateia. É importante a certeza de que a mensagem terá sido transmitida. Acredito que você leitor tenha na lembrança algum discurso, eloquente, envolvente, emocionante do qual não se aproveitou nada no tocante ao interesse coletivo. O candidato falou da sua vida pessoal, das dificuldades que passou, manifestou a revolta com o sistema, com as injustiças sociais sem falar o que fará ou faria a respeito.

Conta-se que o diálogo a seguir aconteceu em outubro de 1995 entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfoundland. Os americanos começaram educadamente: - Favor alterar seu curso 15 graus para norte para evitar colisão com nossa embarcação. Os canadenses responderam prontamente: - Recomendo mudar o seu curso 15 graus para sul. O capitão americano irritou-se: - Aqui é o capitão de um navio da Marinha Americana. Repito, mude o seu curso. Mas o canadense insistiu: - Não. Mude o seu curso atual. A situação foi se agravando. O capitão americano foi se exasperando e berrou ao microfone: - Este é o porta-aviões USS Lincoln, o segundo maior navio da frota americana no Atlântico. Estamos acompanhados de três destróieres, três fragatas e numerosos navios de suporte. Eu exijo que vocês mudem seu curso 15 graus para norte. Repetindo 15 graus norte, ou então tomaremos contra medidas para garantir a segurança do nosso navio. E o canadense respondeu: - Isto aqui é um farol. Câmbio!
 A arrogância na comunicação está constantemente presente também nas apresentações durante os eventos políticos, principalmente por parte de quem já está no poder. Até mesmo em simples situações do dia-a-dia a soberba e a empáfia desfilam “elegantemente”. O tal ditado, “você sabe com quem está falando?” está presente a todo o momento, mesmo que não seja verbalmente expressado. É um tal de eu fiz isso, eu fiz aquilo, quando na verdade tudo o que acontece, só acontece graças a um trabalho de equipe. Em muitas situações o cidadão está assinando um trabalho que teve início em gestões anteriores a dele, em alguns casos começados até por adversários políticos. Durante a campanha tem abraços, beijinhos e tchalzinhos depois da vitória ele fica quase inacessível.

Não podemos nos esquecer que o voto tem absolutamente o mesmo valor, seja do pobre, do rico, do negro, do branco, do homem, da mulher, do jovem e do idoso. O sucesso do candidato dependerá também da adequação da comunicação ao contexto e ao público ao qual ele se dirige. O eleitor não tem obrigação de buscar nas entrelinhas o que ele quer dizer. Ele pode ser objetivo na proposição de projetos ou padronizar sua comunicação, independente do público alvo, sob pena de perder preciosos votos.

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